sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Bom natal a todos!

Prezados amigos, desejo a todos um peru bem grande neste Natal e para os homens do sexo masculino que não gostaram do trocadilho, desejo um chester bem grande, porque como todos sabem o chester é a Gisele Bündchen das aves, só tem peito e osso.
Aproveito para dar uma dica de investimento para aqueles que ainda não gastaram o 13º salário. Façam como eu, invistam em gado. Ontem mesmo comprei três quilos de alcatra e amanhã comprarei dois quilos de contra-filé. Para diversificar os investimentos de 2007, invista também em cana-de-açúcar, compre três garrafas de pinga e cinco quilos de açúcar.

Feliz Natal e um 2007 sem atrasos nos aeroportos, nos pontos de ônibus e nos Cremação e UFPA's da vida para todos nós.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Quem é?

QUEM É?


TENTE DESCOBRIR O NOME DA PESSOA A QUEM PERTENCE A BREVE BIOGRAFIA ABAIXO:

Teve pouco rendimento na escola, com rendimento considerado medíocre.
Fazia trabalhos manuais.
Viveu ocioso por 2 anos.
Foi declarado inapto para o seu ofício.
Não tinha inclinação para o trabalho regular.
Aderiu ao partido operário e foi fundador de um partido dos trabalhadores.
Foi preso por agitação e conspiração contra governo.
Ficou preso por pouco tempo.
Depois de tentativas fracassadas de chegar ao poder, decidiu que o movimento
precisava chegar ao poder por meios legais.
Passou a receber doações de campanha de empresários (industriais), que colocaram o partido em base financeira sólida.
Utilizou-se de demagogia, fazendo um apelo emocional para a classe média e os
desempregados, baseado na sua fé de que seu país acordaria de seus sofrimentos
e assumiria a sua grandeza.
Orador magnetizante, usou fartamente do artifício da sedução em massa, com a
habilidade de um ator, recebendo grande apoio popular.
Nestas condições, ele e o partido chegaram ao poder com uma votação expressiva.
Ele é...
Então... Já descobriram?
Não?
Então, lá vai:
ELE É:



ADOLF HITLER

Pensou que era o Lula, heim? Esqueceu que o Lula ficou ocioso não somente 2 anos e sim 40 anos? Além disso, nem aluno ele foi, é analfabeto!

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Frases do Dia

Frases do dia:

"O governo que não investe em professores e escolas, certamente terá que investir em policiais e cadeias."


"Desembargador existe para fazer cumprir a lei, mas ganha salário acima do que a lei permite."


"Muita gente votou no Lula porque o Alckimim prometeu emprego pra eles."

domingo, 26 de novembro de 2006


Curiosidade do Dia
Você Sabia???

Diz-se:
Batatinha, quando nasce, esparrama pelo chão...

O correto é:
Batatinha, quando nasce, espalha a rama pelo chão...


Diz-se:
Cor de burro quando foge.

O correto é:
Corro de burro quando foge!


Outro em que todo mundo erra:
Quem tem boca vai a Roma

O correto é:
Quem tem boca vaia Roma


E ainda:
É a cara do pai escarrado e cuspido (Quando se quer dizer que alguém é muito parecido com o pai).

Correto é:
É a cara do pai em carrara esculpido (Carrara é um local da Itália de onde se extrai belo mármore, que ganhou o seu nome)

Mais um famoso:
Quem não tem cão caça com gato...

O correto é:
Quem não tem cão caça como gato... Ou seja, sozinho!!!

Aprenderam??? ...... Eu tambem !!!!!!
10 motivos para pedir uma cerveja

Conheça detalhadamente a composição da cerveja.

1. 93% de água. Os adultos necessitam de mais de dois litros de água por dia. Comparada com outras bebidas alcoólicas, a cerveja combate melhor a sede pelo seu alto conteúdo de água, que compensa os efeitos desidratantes do álcool.

2. Álcool (etanol) 3,4%/9%. Se for ingerido em doses moderadas, o álcool contribui para evitar a acumulação de gordura nas paredes arteriais.

3. Carboidratos de 2% a 3%. Proporciona cerca de 20 g da maior fonte de energia do corpo humano.

4. Calorias. 33 ml de uma cerveja normal contêm cerca de 150 kcal (menos 60 do que um refrigerante de cola), com a vantagem acrescida de não provocar cáries. Com certeza que 9 em cada 10 dentistas lha recomendariam.

5. Gorduras. Zero... tinha dúvidas?

6. Magnésio (48 mg, 12% da DDR*) e silício (6 mg). O consumo de cerveja associa-se a uma maior densidade mineral nos ossos, atuando como fator preventivo à osteoporose.

7. Potássio (190 mg, 12% da DDR). Compensa a perda excessiva deste mineral através da urina, importante na prevenção das cãibras musculares.

8. Vitamina B12 (0,8 mcg, 48% da DDR). Produz serotonina e dopamina, as duas substâncias químicas responsáveis pela sensação de bem-estar.

9. Vitamina B2 - Riboflavina (8% da DDR). Contribui para o crescimento da pele, do cabelo e das unhas e também atua como cicatrizante.

10. Vitamina B5 - Ácido Panthoténico (4% da DDR). Sintetiza os lipídeos e o açúcar dos alimentos.



P.S.: Como eu tomo cerveja com limão, acrescente ainda a Vitamina C
!!!

domingo, 29 de outubro de 2006

Toques para Celular

Seu celular tem acesso a rede WAP, é MP3?!?

Então baixe esse dois toques true tones:

Aviões do Forró - Você não vale nada mais eu gosto de você....
Use a seguinte url: http://www.box.net/public/sldljkhurc

Tema do Filme Kill Bill
Use a seguine url: http://www.box.net/public/cpcy0xfdpj

Gostou??? Comente, semana que vem tem mais!!!

Sem comentários!!!

COISAS QUE PODEMOS DIZER: VÁ ESTUDAR, ARNALDO!

Durante o jogo de ontem,após uma queda na área de um jogador corintiano, o locutor perguntou ao Arnaldo César Coelho se teria sido pênalti. Ele respondeu:

- Claro que não. Os jogadores estão com mania de combinarem: Vamos SE jogar na área...

Ora, Sr. Arnaldo César Coelho, a regra é clara: Vamos NOS jogar. Além de péssimo comentarista de arbitragem, é péssimo em português. Será influência do Tapirus Terrestris do Gavião Ruieno???

sábado, 12 de agosto de 2006

Centro de Design da Amazônia

Fotos do pessoal da turma 1EPN11 e 12 de Engenharia de Produção da Unama na Palestra de inauguração do Centro de Design da Amazônia em 11/08.


domingo, 18 de junho de 2006

Quando Nietzsche Chorou - Irvin D. Yalom



Esta é uma envolvente mescla de fato e ficção, um drama de amor, fé e vontade tendo por pano de fundo o fermento intelectual da Viena do século XIX às vésperas do nascimento da psicanálise. Friedrich Nietzsche, o maior filósofo da Europa... Josef Breuer, um dos pais da psicanálise... um pacto secreto... um jovem médico interno de hospital chamado Sigmund Freud: esses elementos se combinam para criar a saga inesquecível de um relacionamento imaginário entre um extraordinário paciente e um terapeuta talentoso. Na abertura deste romance irresistível, a inatingível Lou Salomé roga a Breuer que ajude a tratar o desespero suicida de Nietzsche mediante sua experimental terapia através da conversa. Ao aceitar relutante a tarefa, o eminente médico realiza uma grande descoberta: somente encarando seus próprios demônios internos poderá começar a ajudar seu paciente. Assim, dois homens brilhantes e enigmáticos mergulham nas profundezas de suas próprias obsessões românticas e descobrem o poder redentor da amizade.


412 Páginas

sexta-feira, 19 de maio de 2006

Rui Barbosa - Mais que Atual

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."

Rui Barbosa em trecho do discurso "Requerimento de Informações sobre o Caso do Satélite - II". Senado Federal, 1914

segunda-feira, 1 de maio de 2006

Filha da Puta

Ultraje a Rigor


Morar nesse país

É como ter a mãe na zona
Você sabe que ela não presta
E ainda assim adora essa gatona
Não que eu tenha nada contra
Profissionais da cama
Mas são os filhos dessa dama
Que você sabe como é que chama

Filha da puta
É tudo filho da puta

É uma coisa muito feia
E é o que mais tem por aqui
E sendo nós da Pátria filhos
Não tem nem como fugir
E eu não vi nenhum tostão
Da grana toda que ela arrecadou
Na certa foi parar na mão
De algum maldito gigolô

Filha da puta
É tudo filho da puta

'Cês me desculpem o palavrão
Eu bem que tentei evitar
Mas não achei outra definição
Que pudesse explicar
Com tanta clareza
Aquilo tudo que agente sente
A terra é uma beleza
O que estraga é essa gente

Filha da puta

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Este é, sem dúvida, um dos discos com a maior pegada rock´n´roll da série Acústico MTV e surpreende do início ao fim, com 70 minutos de muita música e pura adrenalina do Ultraje a Rigor, uma das bandas de maior sucesso do rock brasileiro dos anos 80 e 90. São 20 faixas incluindo grandes sucessos, como "Nós Vamos Invadir sua Praia", "Pelado", "Inútil", "Independente Futebol Clube", "Filha da Puta", além de canções inéditas, em que o vocalista Roger Moreira volta com toda a animação e irreverência que marcam o som do grupo. Vale a pena conferir!

terça-feira, 18 de abril de 2006

Os Crimes do Mosaico


Numa noite de 1300, aos pés de um gigantesco mosaico inacabado, um homem é assassinado de maneira pavorosa. Cabe a Dante Alighieri, há poucas horas nomeado prior de Florença, a tarefa de desvendar o crime, penetrando na realidade obscura e perigosa que se esconde por baixo do mundo iluminado da capital da arte e da cultura. O autor de A Divina Comédia aparece aqui em carne e osso, poderoso, amargo e genial. Ai de quem ousar interpor-se entre ele e a verdade, mesmo que seja um enviado de Bonifácio, o papa a caminho do poder absoluto.

O autor - Giulio Leoni conta vida de Dante Aligheri, figura judicial em Florença que é chamada certa noite pela polícia municipal a uma igreja para investigar um assassínio aí encontra o corpo de um mestre arquitecto, e o princípio de um mosaico que este construía, além de uma frase incompleta deixada pelo assassinado. E assim se inicia a investigação policial que forma o livro. Uma obra interessante pela temática e o tipo de investigação que fazem recordar “O Nome da Rosa”, de Umberto Eco. As descrições do ambiente são ricas, mostrando as ruas e tabernas da Florença medieval e o tratamento das personagens é muito real. Um livro bastante vivo, realista histórica e psicologicamente que encerra um segredo.

384 paginas

domingo, 16 de abril de 2006

Belém, Pará, Brasil - Mosaico de Ravena



Composição: Mosaico de Ravena

Vão destruir o ver o peso e construir um shopoping center
Vao derrubar o Palacete Pinho pra fazer um condomínio
Coitada da Cidade Velha que foi vendida pra Hollywood
Pra ser usada como um albergue num novo filme do Spielberg

Quem quiser venha ver
Mas so um de cada vez
Não queremos nossos jacarés
Tropeçando em vocês

A culpa é da mentalidade
Criada sobre a região
Por que que tanta gente teme ?
Norte não é com "M"
Nossos índios não comem ninguém
Agora é so hamburger
Por que ninguém nos leva a sério ?
Só o nosso minério ?

Quem quiser venha ver
Mas so um de cada vez
Não queremos nossos jacarés
Tropeçando em vocês

Aqui agente toma guaraná quando não tem coca-cola
Chega das coisas da terra que o que é bom vem lá de fora
Transformados até a alma sem cultura e opinião
O Nortista só queria fazer parte da nação
Ah, chega de malfeituras
Ah, chega de triste rima
Devolvam a nossa cultura
Queremos o Norte lá em cima
Porque, onde já se viu ?
Isso é Belém
Isso é Pará
Isso é Brasil


Mosaico de Ravena

A banda Mosaico de Ravena foi consagrada na década de 80 como a melhor banda de rock de Belém. Dentre tantos sucessos, impossível não lembrar de ‘Belém Pará Brasil’, uma das músicas mais regravadas por artistas paraenses e que não sai da cabeça do público, “Quem quiser venha ver, mas só um de cada vez. Não queremos nossos jacarés tropeçando em vocês...”, acima transcrita.

domingo, 9 de abril de 2006

Memórias de Minhas Putas Tristes


Primeira Obra de ficção de Gabriel García Márquez em dez anos, Memórias de Minhas Putas Tristes é uma jóia narrativa. Um conto de fadas: sentimental, implacável, sábio e irônico. Lançado mundialmente em espanhol no final de 2004, o romance já ultrapassa 1 milhão de exemplares vendidos e chega ao Brasil com tradução de Eric Nepomuceno - vencedor do prêmio Jabuti pela tradução de Viver para contar. Ao revelar a história de um velho jornalista que decide comemorar seus noventa anos com uma noite de amor com uma jovem virgem, García Márquez constrói um hino de louvor à vida e, por extensão, ao amor, já que um não existe sem o outro no imaginário do Prêmio Nobel de Literatura de 1982.


Trecho do livro "Memórias de Minhas Putas Tristes", de Gabriel García Marquez

No ano de meus noventa anos quis me dar de presente uma noite de amor louco com uma adolescente virgem. Lembrei de Rosa Cabarcas, a dona de uma casa clandestina que costumava avisar aos seus bons clientes quando tinha alguma novidade disponível. Nunca sucumbi a essa nem a nenhuma de suas muitas tentações obscenas, mas ela não acreditava na pureza de meus princípios. Também a moral é uma questão de tempo, dizia com um sorriso maligno, você vai ver. Era um pouco mais nova que eu, e não sabia dela fazia tantos anos que podia muito bem estar morta. Mas no primeiro toque reconheci a voz no telefone e disparei sem preâmbulos:

— É hoje.

Ela suspirou: Ai, meu sábio triste, você desaparece vinte anos e volta só para pedir o impossível. Recobrou em seguida o domínio de sua arte e me ofereceu meia dúzia de opções deleitáveis, mas com um senão: eram todas usadas. Insisti que não, que tinha de ser donzela e para aquela noite. Ela perguntou alarmada: Mas o que é que você está querendo provar a si mesmo? Nada, respondi, machucado onde mais doía, sei muito bem o que posso e o que não posso. Ela disse impassível que os sábios sabem de tudo, mas não tudo: Virgens sobrando neste mundo só os do seu signo, dos nascidos em agosto. Por que não encomendou com mais tempo? A inspiração não avisa, respondi. Mas talvez espere, disse ela, sempre mais sabichona que qualquer homem, e me pediu nem que fossem dois dias para revirar o mercado a fundo. Eu repliquei a sério que numa questão dessas, e na minha idade, cada hora é um ano. Então não tem jeito, disse ela sem o menor fiapo de dúvida, mas não importa, assim é mais emocionante, merda, deixa que eu telefono em uma hora.

Não preciso nem dizer, porque dá para reparar a léguas: sou feio, tímido e anacrônico. Mas à força de não querer ser assim consegui simular exatamente o contrário. Até o sol de hoje, em que resolvo contar como sou por minha livre e espontânea vontade, nem que seja só para alívio da minha consciência. Comecei com o telefonema insólito a Rosa Cabarcas, porque, visto de hoje, aquele foi o início de uma nova vida, e numa idade em que a maioria dos mortais está morta.
Vivo numa casa colonial na calçada de sol do parque de San Nicolás, onde passei todos os dias da minha vida sem mulher nem fortuna, onde viveram e morreram meus pais, e onde me propus morrer só, na mesma cama em que nasci e num dia que desejo longínquo e sem dor. Meu pai comprou a casa num leilão público no final do século XIX, alugou o andar de baixo para lojas de luxo de um consórcio de italianos e reservou-se este segundo andar para ser feliz com a filha de um deles, Florina de Dios Cargamantos, intérprete notável de Mozart, poliglota e garibaldina, e a mulher mais formosa e de melhor talento que jamais houve na cidade: minha mãe.
O espaço da casa é amplo e luminoso, com arcos de estuque e pisos axadrezados de mosaicos florentinos, e quatro portas envidraçadas sobre uma sacada corrida onde minha mãe sentava-se nas noites de março para cantar árias de amor com suas primas italianas. Dali se vê o parque de San Nicolás com a catedral e a estátua de Cristóvão Colombo, e mais além os armazéns do cais fluvial e o vasto horizonte do rio grande da Magdalena a vinte léguas de seu estuário. A única coisa ingrata na casa é que o sol vai mudando de janelas no transcurso do dia, e é preciso fechar todas elas para tratar de dormir a sesta na penumbra ardente. Quando fiquei sozinho, aos meus trinta e dois anos, mudei-me para a que tinha sido a alcova de meus pais, abri uma porta de passagem para a biblioteca e para viver comecei a vender o que estava sobrando, e que terminou sendo quase tudo, exceto os livros e a pianola de rolos.

Durante quarenta anos fui o domador de telegramas do El Diario de La Paz, tarefa que consistia em reconstruir e completar em prosa indígena as notícias do mundo, que agarrávamos em pleno vôo pelo espaço sideral através das ondas curtas ou do código Morse. Hoje me sustento, mal ou bem, com minha aposentadoria daquele ofício extinto; me sustento menos com a de professor de gramática castelhana e latim, quase nada com a crônica dominical que escrevi sem esmorecimento durante mais de meio século, e nada em absoluto com as resenhas de música e teatro que me publicam de favor nas muitas vezes em que intérpretes notáveis passam por aqui. Nunca fiz nada diferente de escrever, mas não tenho vocação nem virtude de narrador, ignoro por completo as leis da composição dramática, e se embarquei nessa missão é porque confio na luz do muito que li pela vida afora. Dito às claras e às secas, sou da raça sem méritos nem brilho, que não teria nada a legar aos seus sobreviventes se não fossem os fatos que me proponho a narrar do jeito que conseguir nesta memória do meu grande amor.
No dia de meus noventa anos havia recordado, como sempre, às cinco da manhã. Por ser sexta-feira, meu compromisso único era escrever a crônica que é publicada aos domingos no El Diario de La Paz. Os sintomas do amanhecer tinham sido perfeitos para não ser feliz: me doíam os ossos desde a madrugada, meu rabo ardia, e havia trovões de tormenta depois de três meses de seca. Tomei banho enquanto passava o café, bebi uma caneca adoçada com mel de abelhas e acompanhada por duas broas de farinha de mandioca, e vesti o macacão de brim de ficar em casa.

O tema da crônica daquele dia, é claro, eram os meus noventa anos. Nunca pensei na idade como se pensa numa goteira no teto que indica a quantidade de vida que vai nos restando. Era muito menino quando ouvi dizer que se uma pessoa morre os piolhos incubados no couro cabeludo escapam apavorados pelos travesseiros, para vergonha da família. Isso me impressionou tanto que tosei o coco para ir à escola, e até hoje lavo os escassos fiapos que me restam com sabão medicinal de cinza e ervas milagrosas. Quer dizer, me digo agora, que desde muito menino tive mais bem formado o sentido do pudor social que o da morte.

132 páginas;

sábado, 8 de abril de 2006

O Caçador de Pipas




Grande sucesso editorial nos Estados Unidos em 2004, onde vendeu mais de 2 milhões de cópias, O caçador de pipas conta a história de Amir, um afegão há muito imigrado para os Estados Unidos, que se vê obrigado a acertar as contas com o passado e retorna a seu país de origem. O ponto de partida do livro é a infância do protagonista, quando Cabul ainda não era a capital do país que foi invadido pela União Soviética, dominado pelos talibãs e subjugado pelos Estados Unidos.
O caçador de pipas está presente na lista dos mais vendidos pelo New York Times e Publishers Weekly há mais de um ano, com publicação em 29 países, além de venda dos direitos para o cinema, com filme a ser produzido pela DreamWorks e dirigido por Sam Mendes, de Beleza Americana.

"Eu me tornei o que sou hoje aos doze anos, em um dia nublado e gélido do inverno de 1975. Lembro do momento exato em que isso aconteceu, quando estava agachado por detrás de uma parede de barro parcialmente desmoronada, espiando o beco que ficava perto do riacho congelado. Foi há muito tempo, mas descobri que não é verdade o que dizem a respeito do passado, essa história de que podemos enterrá-lo. Porque, de um jeito ou de outro, ele sempre consegue escapar(...)"

" Esta é uma daquelas histórias inesquecíveis, que permanecem na nossa memória por anos a fio. Todos os grandes temas da literatura e da vida são o material com que é tecido esse romance extraordinário: amor, honra, culpa, medo, redenção." (Isabel Allende)

Sucesso de público e crítica:

* Mais de 2 milhões de exemplares vendidos só nos EUA;
* Há mais de 1 ano na lista dos mais vendidos do New York Times e da Publishers Weekly;
* Eleito "O melhor livro do ano", pelo San Francisco Chronicle;
* Selecionado entre os "Dez melhores livros do ano", pelo Entertainment Weekly;
* Destacado como "Livro notável", pela American Library Association;
* "Um retrato tocante do Afeganistão moderno" - Entertainment Weekly;
* "Forte...Arrebatador." - The New York Times Book Review;
* "Cativante...Inesquecível." - Newsday;
* "Evocativo e autêntico" - Chicago Tribune;
* "Extraordinário." - People;


368 páginas;

Anjos

Hoje não dá
Hoje não dá
Não sei mais o que dizer
E nem o que pensar
Hoje não dá
Hoje não dá
A maldade humana agora não tem nome
Hoje não dá
Pegue duas medidas de estupidez
Junte trinta e quatro partes de mentira
Coloque tudo numa forma
Untada previamente
Com promessas não cumpridas
Adicione a seguir o ódio e a inveja
As dez colheres cheias de burrice
Mexa tudo e misture bem
E não se esqueça: antes de levar ao forno
Temperar com essência de espirito de porco,
Duas xícaras de indiferença
E um tablete e meio de preguiça
Hoje não dá
Hoje não dá
Está um dia tão bonito lá fora;
E eu quero brincar
Mas hoje não dá
Hoje não dá
Vou consertar a minha asa quebrada
E descansar
Gostaria de não saber destes crimes atrozes
É todo dia agora e o que vamos fazer?
Quero voar p’ra bem longe mas hoje não dá
Não sei o que pensar e nem o que dizer
Só nos sobrou do amor
A falta que ficou.

{Legião Urbana}

quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

De Bonner para Homer

Willian Bonner, apresentador e chefe de jornalismo do Jornal Nacional e sua equipe consideram o expectador burro, preguiçoso e sem motivações políticas. Os temas do maior telejornal do país são pautados de maneira frívola, descompromissada, preconceituosa e elitista. Matéria da revista Carta Capital, vale a pena ler!

O editor-chefe considera o obtuso pai dos Simpsons como o espectador padrão do Jornal Nacional

Perplexidade no ar. Um grupo de professores da USP está reunido em torno da mesa onde o apresentador de tevê William Bonner realiza a reunião de pauta matutina do Jornal Nacional, na quarta-feira, 23 de novembro.

Perfil.
Ele é preguiçoso, burro e passa o tempo no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cerveja
Alguns custam a acreditar no que vêem e ouvem. A escolha dos principais assuntos a serem transmitidos para milhões de pessoas em todo o Brasil, dali a algumas horas, é feita superficialmente, quase sem discussão.

Os professores estão lá a convite da Rede Globo para conhecer um pouco do funcionamento do Jornal Nacional e algumas das instalações da empresa no Rio de Janeiro. São nove, de diferentes faculdades e foram convidados por terem dado palestras num curso de telejornalismo promovido pela emissora juntamente com a Escola de Comunicações e Artes da USP. Chegaram ao Rio no meio da manhã e do Santos Dumont uma van os levou ao Jardim Botânico.

A conversa com o apresentador, que é também editor-chefe do jornal, começa um pouco antes da reunião de pauta, ainda de pé numa ante-sala bem suprida de doces, salgados, sucos e café. E sua primeira informação viria a se tornar referência para todas as conversas seguintes. Depois de um simpático “bom-dia”, Bonner informa sobre uma pesquisa realizada pela Globo que identificou o perfil do telespectador médio do Jornal Nacional. Constatou-se que ele tem muita dificuldade para entender notícias complexas e pouca familiaridade com siglas como BNDES, por exemplo. Na redação, foi apelidado de Homer Simpson. Trata-se do simpático mas obtuso personagem dos Simpsons, uma das séries estadunidenses de maior sucesso na televisão em todo o mundo. Pai da família Simpson, Homer adora ficar no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cerveja. É preguiçoso e tem o raciocínio lento.

A explicação inicial seria mais do que necessária. Daí para a frente o nome mais citado pelo editor-chefe do Jornal Nacional é o do senhor Simpson. “Essa o Homer não vai entender”, diz Bonner, com convicção, antes de rifar uma reportagem que, segundo ele, o telespectador brasileiro médio não compreenderia.



Pauta.
Na reunião matinal, é Bonner quem decide o que vai ou não para o ar
Mal-estar entre alguns professores. Dada a linha condutora dos trabalhos – atender ao Homer –, passa-se à reunião para discutir a pauta do dia. Na cabeceira, o editor-chefe; nas laterais, alguns jornalistas responsáveis por determinadas editorias e pela produção do jornal; e na tela instalada numa das paredes, imagens das redações de Nova York, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte, com os seus representantes. Outras cidades também suprem o JN de notícias (Pequim, Porto Alegre, Roma), mas elas não entram nessa conversa eletrônica. E, num círculo maior, ainda ao redor da mesa, os professores convidados. É a teleconferência diária, acompanhada de perto pelos visitantes.

Todos recebem, por escrito, uma breve descrição dos temas oferecidos pelas “praças” (cidades onde se produzem reportagens para o jornal) que são analisados pelo editor-chefe. Esse resumo é transmitido logo cedo para o Rio e depois, na reunião, cada editor tenta explicar e defender as ofertas, mas eles não vão muito além do que está no papel. Ninguém contraria o chefe.

A primeira reportagem oferecida pela “praça” de Nova York trata da venda de óleo para calefação a baixo custo feita por uma empresa de petróleo da Venezuela para famílias pobres do estado de Massachusetts. O resumo da “oferta” jornalística informa que a empresa venezuelana, “que tem 14 mil postos de gasolina nos Estados Unidos, separou 45 milhões de litros de combustível” para serem “vendidos em parcerias com ONGs locais a preços 40% mais baixos do que os praticados no mercado americano”. Uma notícia de impacto social e político.

O editor-chefe do Jornal Nacional apenas pergunta se os jornalistas têm a posição do governo dos Estados Unidos antes de, rapidamente, dizer que considera a notícia imprópria para o jornal. E segue em frente.

Na seqüência, entre uma imitação do presidente Lula e da fala de um argentino, passa a defender com grande empolgação uma matéria oferecida pela “praça” de Belo Horizonte. Em Contagem, um juiz estava determinando a soltura de presos por falta de condições carcerárias. A argumentação do editor-chefe é sobre o perigo de criminosos voltarem às ruas. “Esse juiz é um louco”, chega a dizer, indignado. Nenhuma palavra sobre os motivos que levaram o magistrado a tomar essa medida e, muito menos, sobre a situação dos presídios no Brasil. A defesa da matéria é em cima do medo, sentimento que se espalha pelo País e rende preciosos pontos de audiência.



Notícia.
A decisão do juiz Livingsthon Machado, de soltar presos, é considerada coisa de “louco”
Sobre a greve dos peritos do INSS, que completava um mês – matéria oferecida por São Paulo –, o comentário gira em torno dos prejuízos causados ao órgão. “Quantos segurados já poderiam ter voltado ao trabalho e, sem perícia, continuam onerando o INSS”, ouve-se. E sobre os grevistas? Nada.

De Brasília é oferecida uma reportagem sobre “a importância do superávit fiscal para reduzir a dívida pública”. Um dos visitantes, o professor Gilson Schwartz, observou como a argumentação da proponente obedecia aos cânones econômicos ortodoxos e ressaltou a falta de visões alternativas no noticiário global.

Encerrada a reunião segue-se um tour pelas áreas técnica e jornalística, com a inevitável parada em torno da bancada onde o editor-chefe senta-se diariamente ao lado da esposa para falar ao Brasil. A visita inclui a passagem diante da tela do computador em que os índices de audiência chegam em tempo real. Líder eterna, a Globo pela manhã é assediada pelo Chaves mexicano, transmitido pelo SBT. Pelo menos é o que dizem os números do Ibope.

E no almoço, antes da sobremesa, chega o espelho do Jornal Nacional daquela noite (no jargão, espelho é a previsão das reportagens a serem transmitidas, relacionadas pela ordem de entrada e com a respectiva duração). Nenhuma grande novidade. A matéria dos presos libertados pelo juiz de Contagem abriria o jornal. E o óleo barato do Chávez venezuelano foi para o limbo.

Diante de saborosas tortas e antes de seguirem para o Projac – o centro de produções de novelas, seriados e programas de auditório da Globo em Jacarepaguá – os professores continuam ouvindo inúmeras referências ao Homer. A mesa é comprida e em torno dela notam-se alguns olhares constrangidos.

Por Por Laurindo Lalo Leal Filho
Sociólogo e jornalista, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP

Fonte: http://www.portaldetonando.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=21&mode=&order=0&thold=0

sábado, 7 de janeiro de 2006

NOJO

Sete Pragas Sobre Brasília

Contra os Pestes de Lá,as Pragas de Cá:

Quando nos pratos da Justiça o carro de um ministro pesa mais que o destino de milhões;
Quando a Justiça é obrigada a largar sua espada para proteger o nariz do cheiro nauseabundo que exalam os podres poderes públicos;
Quando, para as benesses de traficantes, estelionatários, achacadores, pestilentas criaturas travestidas de autoridades públicas, milhões de brasileiros terão de contribuir com seus tostões da fome para conservar-lhes os milhões e bilhões;
Quando nem mais na Justiça se confia, nem na eqüidade, nem no justo;
Só resta ao pobre e fraco ser humano, que por destino e punição nasceu neste país e nestes tempos, em vez de gastar sola do pé para peticionar em Brasília a ouvidos moucos, rogar, como Moisés, solenes pragas, das quais nem os despachos baianos, nem os rogos das bancadas agrária, estelionatária, banqueira ou narcotraficante os livrarão:
1 - Que cada carro novo que comprarem com o que roubam de nós resulte em colisões, atropelamentos por filhos, esposas ou amásias, e, ao final, em chamas, nos livre deles;
2 - Que cada viagem aérea de recreio, quer nacional, quer internacional, que façam às nossas custas seja motivo de pavor, pânico, pane...e queda;
3 - Que até a sétima geração, paguem seus descendentes, com miséria, fome e desabrigo, a ostentação, a fartura e a opulência de que hoje usufruem às nossas custas;
4 - Que suas mãos gatunas apodreçam, suas bocas mentirosas se desdentem, seus ouvidos surdos à voz do povo ensurdeçam a qualquer voz e seus olhos que não querem enxergar nunca mais vejam;
5 - Que sequem-se-lhes poços, nascentes e rios nas propriedades; trinquem-se-lhes as piscinas; lhes morram de sede os rebanhos; pesticidas lhes poluam os genes e se lhes desidrate o corpo, ficando este tão seco quanto lhes é seca a alma;
6- Que derrames lhes roubem o inútil cérebro; a impotência física acompanhe-lhes a falta de vontade na solução dos problemas de que são causa;
7 - E que, se se livrarem das mortes praguejadas, tenham vida longa, para que não se subtraiam pela morte natural à justiça humana, sofrendo em vida, diariamente, cada uma das pragas restantes. E, ao morrerem, lhes seja negada aqui a lembrança e, no além, a presença de qualquer ser querido.

E, como o faraó, que só se livrou de pragas acrescidas deixando o Povo de Israel partir, eles só se livrarão destas e de outras adicionais, que o próprio leitor lhes pode rogar, com o arrependimento, a humildade e a honradez.
Portanto, pelo que deles sabemos, delas não se livrarão.

Primavera, 1999

O texto acima foi publicado em 1999 e, infelizmente, continua atual. Agora com mais nojo! Pragas extensivas aos partidos políticos, governos estaduais e municipais, para todas as instâncias do poder! E para todos os aproveitadores, estelionatários, ladrões, engravatados ou não, que empestam este canto do planeta.

Haja pragas!