História Universal da Destruição dos Livros: Das tábuas sumérias à guerra do Iraque – Fernando Baez
Medo, ódio, soberba, intolerância e sede de poder é o que sempre motivou os destruidores de livros, cuja intenção na verdade nunca foi destruir o objeto
em si, mas o que este arepresentava - o vínculo com a memória, o patrimônio de idéias de toda uma civilização. Esse livro oferece uma visão aterradora da devastação, que se inicia no Mundo Antigo, passando pela Inquisição e tempos das conquistas, até a catástrofe mais recente - a destruição de um milhão de livros no Iraque, como conseqüência de uma guerra absurda.
Desde os tempos da Suméria, onde os livros não passavam de tábuas de cerâmica, passando pela antiguidade grega e romana com a paradigmática destruição da biblioteca de Alexandria (
veja post anterior), até ao Mundo Islâmico, desde os códices pré-hispânicos perdidos no fogo durante a época colonial ou a destruição nazi de milhares de livros judaicos, até às situações atuais de censura em países como Cuba e China. Para encontrar uma resposta, Fernando Báez recorre a diversos momentos da história, cuja desafortunada pedra de toque tem sido a destruição dos livros, sempre em nome de diversas razões: raciais, sexuais, culturais, políticas e porque não econômicas.
Capa do Livro em editado em Portugal
Bibliotecas perdidas
ALEXANDRIA
O que foi destruído: a cidade egípcia abrigou a mais célebre biblioteca da Antiguidade. Segundo alguns cronistas, chegou a ter 700000 rolos de papiro.
Quem destruiu: o acervo sofreu sucessivos ataques. Por muito tempo, atribuiu-se a destruição final aos árabes, no século VII, mas hoje esse é um ponto de controvérsia entre historiadores.
As razões da destruição: desconhecidas, mas possivelmente religiosas.
A INQUISIÇÃO
O que foi destruído: livros contrários à doutrina da Igreja. Em alguns casos, os autores foram queimados junto com suas obras. Até Bíblias em línguas vernáculas foram queimadas, pois a Igreja só admitia o livro sagrado em latim.
Quem destruiu: o Santo Ofício, congregação da Igreja que zelava pelo rigor da doutrina.
As razões da destruição: especialmente rigoroso na Espanha do século XVI, o Santo Ofício foi uma reação violenta contra a Reforma.
O NAZISMO
O que foi destruído: livros de autores judeus, comunistas, pacifistas ou considerados contrários ao nacionalismo alemão.
Quem destruiu: os nazistas, depois de subirem ao poder na Alemanha, em 1933.
As razões da destruição: as cerimônias públicas de queima de livros funcionaram ao mesmo tempo como repressão ao pensamento dissidente e como um ato de propaganda nazista.
GUERRA DO IRAQUE
O que foi destruído: bibliotecas, museus e sítios arqueológicos, depois da invasão americana, em 2003. Livros sumérios de 5000 anos foram roubados do Museu Arqueológico de Badgá.
Quem destruiu: saqueadores iraquianos. As tropas americanas se omitiram.
As razões da destruição: a população local identificava as instituições culturais com o regime de Saddam Hussein. Peças roubadas foram contrabandeadas para o mercado negro internacional.